Comemore 40 anos à frente de uma empresa Não é alcançado diariamente. É por isso, Paulo Rossello Queria passar uns dias em Madrid, onde tem uma boa carteira de clientes e, no processo, conversar com a TELVA na sua icónica loja da Rua Claudio Coello sobre estilo, tendências e sonhos a realizar.
A ocasião não poderia ser mais especial. O escritório PAROSH comemora 40 anos e, para a ocasião, Paolo Rossello, seu criador, desembarcou em Madrid. A marca nasceu da inspiração da italiana para criar vestidos vintage personalizados, conseguindo peças modernas e sofisticadas.
Hoje a marca oferece um “look total” contemporâneo que preserva o estilo vintage. Ninguém como o Paolo para falar de estilo de acordo com a nacionalidade, como se vestir para o Natal e o 3 peças que toda mulher deveria ter no armário para ser legal.
“Lembro que na década de 80 as pessoas trocavam de roupa até três vezes ao dia, imagina?”
- Você está comemorando 40 anos de empresa. Você já imaginou que faria tanto sucesso?
- Não, mas não só com a assinatura. Também não pensei que chegaria tão longe (risos). Mas aqui estamos, a empresa e eu chegamos.
- Como você viveu toda essa jornada?
- Neste momento, neste 40º aniversário, estou num momento de introspecção e devo dizer que estou muito satisfeito com o que tenho feito. A ideia original do escritório era dedicar meu tempo a algo que eu gostasse muito, pelo qual me apaixonasse. E eu consegui isso.
- Você costuma se lembrar de como eram aqueles loucos anos 80?
- Sim, foi tudo terrivelmente engraçado. Havia desfiles, jantares, festas… Era um mundo maravilhoso e eu, que estudei Arquitetura, larguei tudo para mergulhar nesse mundo porque era algo novo culturalmente, não havia nada tão emocionante que captasse toda a sua criatividade e permitisse você usá-lo para fazer algo.
- Você acha que o mundo da moda mudou muito?
- É verdade que estes últimos anos foram um pouco mais reflexivos e um pouco mais difíceis, mas mesmo assim me divirto. Fico com a mesma empolgação quando estou prestes a lançar uma nova coleção. Mas o modo de viver mudou muito, talvez agora haja mais interesses. Lembro, por exemplo, que na década de 80 as pessoas trocavam de roupa até três vezes ao dia, imagina? E não apenas os jovens, meus pais também fizeram isso. Naquela época era mais barato e era numa época muito certa onde tudo era muito social. Agora não importa tanto como você está vestido.
“Gosto quando a mulher brinca com a roupa, combinando uma camisa de lantejoulas com um suéter masculino.”
- Além disso, agora a competição é muito mais acirrada.
- Claro. Quando comecei, éramos quatro na Itália. E cada um com um estilo completamente diferente.
- Como você descreveria a mulher que carrega sua assinatura?
- Vestido de mulher com estilo contemporâneo e moderno, mas com fundo clássico. Eu nunca gosto de sucessos de moda chocantes. Gosto de elegância, mas não tanto de moda. Não gosto de mulher que se leva muito a sério, gosto que ela brinque com a roupa, brinque, combine, por exemplo, uma camisa de lantejoulas com um suéter de homem. Gosto quando ele mistura tudo e se arrisca um pouco.
- É difícil misturar o contemporâneo com o clássico, certo?
- É muito difícil porque é um limite sutil. Às vezes é mesmo uma questão de centímetros, de tom, de cor. Para conseguir isso, me inspiro em tudo que vejo ao meu redor. Eu também viajo muito. Viajo, converso, ouço, vou ao cinema, visito mercados vintage. A rua me inspira o tempo todo, estou sempre na rua.
- Como você diria que é o estilo das mulheres italianas hoje?
- Já não têm um estilo tão marcado. Há 20 anos, por exemplo, você foi para o exterior e percebeu quando uma mulher era italiana. A italiana sempre seguiu a última moda, mas hoje tudo é mais internacional, o estilo é menos definido pelos países.
- Bem, eu também ia perguntar a ele como se veste a espanhola.
- Eu não a conheço muito bem. Tenho amigos espanhóis que moram em Ibiza, por exemplo, e eles têm uma personalidade que se traduz no visual. Eles ousam usar lantejoulas, mesmo durante o dia. com vermelho… Mas faz parte da cultura espanhola. Diferenciam-se do italiano por ser mais modesto, mais discreto. Talvez seja o clima que também marca estas diferenças.
- Diga-me quais são as três peças de roupa que devem estar sempre no armário de uma mulher.
- Casaco masculino, saia de lantejoulas e jaqueta de pele sintética.
- E neste Natal, quais são as 3 peças de roupa que você recomendaria comprar?
- Uma gargantilha, um suéter masculino e uma jaqueta bomber. Assim você estaria bem vestido até para o dia 31. Muito sofisticado.
- Que projetos você tem em mente?
- Abra novamente uma loja em Milão e faça uma pequena coleção masculina. Também vou focar em acessórios onde quero encontrar bons artesãos que façam peças lindas a preços razoáveis.
- Todos os designers reclamam da dificuldade de encontrar bons artesãos…
- É muito difícil. Lembro que com meu primeiro salário comprei uma máquina de costura. Agora, os jovens dizem: “Mãe, me dá o cartão, vou fazer compras”. Tudo é muito estético mas não existe amor que nasça de dentro, das entranhas.